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5 de agosto de 2010

Nova edição

Sou fogo e calma. Contradição, camaleoa. Sou música. Sou vida através das músicas, das sonoridades. Sou letras. Palavras. Gosto de recitá-las, de sabê-las, gosto de criá-las. Gosto do criar.
Sou sandálias com queda por tênis e altos saltos para a feminilidade… Sou intuição. Sou o não acreditar querendo… Sou mãe. Sou filha. Sou mulher, com resquícios de menina… Sou bruta, sou meiga, cruel, sarcástica e as vezes me amo tanto sendo assim…

Sou corpo, sou d(eu)s. sou uma essência que se busca. Que se perde sempre quando pensa que se acha. Sou Chico Buarque eternamente, sou Caetano de cabelos longos e Gil, muito antes do ministério. Sou os clássicos sem saber quem são. Sou pintura, tinta que se espalha na tela e fora dela, pelo chão, pelo teto, pelos corpos... Sou casa. Sou rua. Sou gente. Sou a eterna descoberta. Sou ávida, eufórica, fatídica, trágica e impulsiva. “O primeiro drama, a primeira dama, o primeiro amor”.

Sou o querer. E quero tanto tudo… Sou o silêncio na tentativa do não angustiante. Sou pressa e perfeição. Sou poesia, numa tentativa ininterrupta de ser poeta. Sou Fernando Pessoa, fingidor… Sou virtudes. Transparência. Sou sangue. Literalmente doadora dentro e fora do meu O positivo.

Sou mar, praia deserta. Sou álcool e sou água de coco. Sou sexo. Sou o meu sexo, o seu sexo, o nosso. Sou dedos e sou orgasmos acompanhados ou não. Sou o toque, sou o olhar, sou a busca incessante de prazer. Sou carne, sou fruto e sou sede. Sou o fálico, o escondido, sou entradas e entranhas. Sou varinha de condão, sou momento e sou magia. Sou orgia. Sou pernas abertas e entrelaçadas. Sou chão. Sou parede e sou gritos.

Sou escrita, com vestígios de informática. Sou correio, sou cartas de amor, todas elas ridículas. Sou Elis Regina e sou lágrimas ao ver Juan também sê-lo. Sou calma e impaciência, sou clara Nunes, Cássia Eller, Vânia Abreu e Elza; sou suas vozes, tão humanas e femininas. Sou águas de Março com ou sem o Tom. Sou Leminski, sou concreta em minhas abstrações. Sou a palavra que nunca foi dita, sou aquela que não termina. Sou a marginalidade sutil. Sou roupa leve, larga… Sou Frida. Sou pássaros cantando de manhã e a sou a calma da madrugada. Sou as cinco da tarde e sou o vermelho do pôr do sol. Sou erva. Sou suco de laranja e café com cigarro. Sou vermelho, sou preto, sou colorida.

Sou Salvador. Sou os casarões antigos, sou coisas antigas, sou antiga. Sou brechós e antiquários. Sou ribeira, sou Pelô, sou comércio, Santo Antonio e sou Carmo, sem hotel. Sou os planos inclinados ativados ou não. Sou elevador Lacerda e Taboão. Sou os casebres entre a cidade alta e baixa. Sou a cidade vista do mar, sou o mar, seus barcos, seu porto, seus navios, sua história. Sou Mercado, sou modelo, sou a luta de seus inúmeros fantasmas. Sou a baía e sou todos os santos… Sou a travessia para Itaparica. Sou outras ilhas sem saber. Sou árvores centenárias e sou plantinhas. Sou nuvens. Sou museus. Sou público. Sou a contorno a pé.

Sou o pensar querendo trégua. Sou cansaço e o novamente construir sem respaldos ou patrocínios. Sou a procura. Sou o achado de outros que não são procura. Sou a dificuldade do amar, suas incertezas. Sou meu filho e sou a certeza de um amor sem fronteiras. Sou o educar. Sou anatomia. Sou Raul em suas paranóias e metamorfoses ambulantes. Sou teatro, sou cinema, sou arte. Sou artista da minha arte. Sou a minha, as outras tantas artes.

Sou meus amigos. Sou saudade. Sou Rio de Janeiro e sou mangueira, onde o Rio é mais baiano. Sou despedidas sem lágrimas, sou o oculto, sou orgulho e sou paixão. Sou meu pai e minha mãe. Sou aqueles que ainda não conheci.

Sou fotografia… Sou fotos da cidade, inusitadas, de pessoas, de casebres, conhecidos ou não. Sou profundidade. Sou a baianidade nagô. Sou terreiros, sou igrejas, templos, religiões. Sou o místico, o cético e o ateu. Sou o Jesus político, sou cruz, sou forca e pelourinho.

Sou sempre mais a cada linha, a cada outono, a cada março, a cada ciclo. As vezes Isa, as vezes Lorena. Sempre um híbrido poético. Sou o tempo que passou, mas nunca acaba.

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