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23 de setembro de 2011

Um último post.

A cabeça lateja pensando nela, a minha menina de cabelos brancos que aos poucos vai embora de si mesma, deixando esvair na solidão do esquecimento tanta dor, incalculável... em cima de uma cama, semi-inválida, com os ossos tão frágeis, quebradiços, sem vigor...

...estamos todos impotentes...


Como parecer mais forte quando tudo parece estar desmoronando e a vontade de gritar por ajuda é mais forte do que a própria vontade de se ajudar? Sentir-se perdido no meio do caos não é uma coisa que sempre aconteça. Logo eu, que gosto tanto do caos, necessário, que agora se funde m todas as dores e só resta vazios, conflitos, não vejo saídas...

Quando foi mesmo que ficou tão escuro aqui dentro? Quando foi que me perdi exatamente, que esqueci de mim, que não soube mais agir, me dar limites? Quando foi que deixei de acreditar que era possível, quando foi que assassinei minha vontade de viver além da sobrevivência, além da obrigação de estar viva, de alimentar a quem preciso, de preparar minha vida sem mim...

Me fiz impotente para mim mesma. Que triste constatação de antes, de agora. E quanta burrice me acumula esse não agir, essa descrença. Não sou mais quem era, também não sou quem gostaria. Sinto pena de mim mesma e quão triste é tudo isso, essa auto-piedade, essa fraqueza... que canalha que eu sou... que raiva, que medo, que ânsia de ser, de não ser, deixar de ser, de renascer... de voltar a sentir, ter vontades...

Sinto tudo apodrecido bem dentro de mim... me sinto impotente diante da dor dela, da minha dor, da nossa, dessa distância, dos recursos escassos, tantas coisas pulsando pedindo solução, tanta solidão... e só machuca... e eu não cuido... e apodrece...

O que eu fiz com as minhas armas? Porque me deixei pelo caminho? O que é isso que sobrou de mim?

Só farelos... Só essas lágrimas... Só a certeza martelante das irreversibilidades...