29 de janeiro de 2010
Sonoplastia não impressa
Um cisco
Eu quero um amor, não um namorado.
Eu quero um bem querer impresso, não possesso.
"Ah, quanto querer cabe em meu coração..."
28 de janeiro de 2010
Dicionário da MPB
Se jogue aqui.
27 de janeiro de 2010
Bomba de mil
***
Sabe quando vc tem 20 reais pra alimentar três pessoas por quatro dias?
Sabe quando vc tem pesadelos que dia 30 não vai chegar?
O que fazer, na boa? Porque ser forte e paciente é difícil pra caralho em certas situações viu...
22 de janeiro de 2010
Deshablar
não me sinto satisfeita ou pronta
Antes tonta, antes avessa
Numa travessura própria
Tão minha quanto os meus peitos fartos
os calos dos meus pés
minha reza insana
Ainda que eu me derrame inteira
me sinto ainda presa
um nó na garganta que não se desfaz com o riso
um nó que se sustenta e no pranto
se multiplica feliz e enérgicamente
Já sou despudor desde outrora
já me perdi tantas vezes em minhas salas vazias;
Não me preencho.
É inevitável
uma sina talvez, a solidão...
Ainda que eu sangre inteira,
ainda que me derrame em versos
sigo cega em prosa escura
silenciosa e densa,
nua.
21 de janeiro de 2010
Cheiro de Mato.
Passei a tarde inteira na Zona Rural, uma delícia.
Aqui, carros apressados cortando ruas; lá, rios cortando pedras, casas de taipa fazendo contando histórias.
Fiz uns registros. Mas tem que diminuir as fotos pra postar. Amanhã, prometo.
De Fernando pessoa
(Muito adequadamente)
“Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e a arte de representar) entretêm. A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana. Não é o caso da literatura. Essa simula a vida. Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de idéias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso”
Lar, doce lar.
E essa comunhão com a casa tem sido imprescindível nesses tempos de insônia braba, por exemplo. Nas últimas madrugadas criei uma cacetada de coisas, desde porta-revista até argumentos para novos livros. Tudo é passível de criação no tempo que insiste em ser meu, na madrugada. Eu canto, danço, escrevo, choro, encafufada em meu lar. Ontem as duas da manhã tive uma ótima surpresa enquanto procurava uma caixa de fósforo: encontrei grana guardada há tempos!
Adoro reencontrar coisas. Ter de novo a alegria da primeira vez. É delicioso isso.
A casa é o nosso corpo no mundo. Tem a nossa cara, a cara que queremos ter. É onde Eu se diverte. Ontem escrevi uma frase que ficou guardada na memória: é inevitável que Juan seja feliz. Penso mesmo assim. E agora então, restam poucas dúvidas.
20 de janeiro de 2010
Protesto
E eu não consigo mudar NADA.
Tenho coisas pra dividir. Já volto.
19 de janeiro de 2010
De Vinícius de Morais
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.
Desejo, necessidade e vontade
Lidar de cabeça erguida e peito aberto com nossas responsabilidades não é uma coisa fácil. É uma luta, não significando, claro, que seja sempre uma luta árdua e sendo, portanto, como todas as lutas, prazerosas nos finais vitoriosos. Disciplina é liberdade, como bem cantava o Renato.
Durante meus dias tenho várias provas desse lema e é engraçado quando alguém me pergunta se eu gosto de trabalhar e eu digo sim. Trabalho, pra mim, é tudo que me proponho a fazer, seja escrever, seja lavar pratos, seja empilhar cadeiras. Trabalhar é empreender, questionar forças, manter-se aceso e, consequentemente, livre.
Sempre apreciei trabalhadores em geral e gosto de pessoas proativas. Gente medíocre pra mim vale pouco, quase nada. Conheço membros atrasados de uma filosofia pouco pensada antes de proferida, que pregam o ócio como forma de luta. O que me faz rir, nesses casos, é no quando a necessidade bate em suas portas e nem feijão, nem sapato e nem farinha estão lá. E no riso acrescento uma pitada de pena - esse sentimento péssimo, eu sei - quando há filhos na parada.
Nunca entendi muito bem como esse povo pensa: onde está a revolução quando meninos e meninas se reunem para levantar bandeiras socialistas e depois voltam pra casinha da mamãe e do papai comer, dormir e cagar de graça? Dá vontade de apresentar um carnê de IPTU pra essa gente.
Não é simples ser consciente. Não é simples entender o nosso papel nesse mundinho infame. Mas apontar os dedinhos pra outros não nos redime de nossas ausências. É preciso responder por nossos atos, pois somos a soma de nossas escolhas. Frase brabinha de chata né? Tão óbvia que fica esquecida. Eis o perigo.
Daí que eu fico com a frase do D2:
"O cidadão por outro lado se diz, impotente, mas a impotência não é uma escolha também, de assumir a própria responsabilidade, Hein?"
Quero ver você, Ilê Ayiê, passar por aqui
Confira como a moça é bela.
18 de janeiro de 2010
Ele de madri, eu de Alagodé.
antonio luis diz:
*Isa
*temos q criar nossa panelinha
*eu tava pensando hj
*que incrivel seria
*vc no Jô pq seu blog de putaria ta bombando
*e vc com todo blazer baiano
*sofisticadamente elegante
*e claro com om desbunde nosso
*pedi champagne
*e que mandasse aquele ténico bigodudo que levasse aule chá de agua suja pra o camarim
*e vc lá falando da inspiraçao fruto da expiraçao da Ribeira e todo suor da nossa turma
*e aí vinha eu, a lygia o jô
*e agente rindo
*sentadinho na poltrona
*imagino, o luxo
*e no dia seguinte produçoes querendo nosso telefone
*editoriais, revistas, jornais todos loucos atrás da gente
*vc bêbada, claro
*a gente na recepção dohotel
*jô rindo
*com aquela boca que Deus e seu sarcasmo lhe deu
*camaras fotografando
Isa Lorena. diz:
*vc viaaaaaaaaaaaaaaajaaaaaaa caralhoooooooooo
antonio luis diz:
*vc de calcinha na recepção
*tapando a cara com uma almofada
*eu enrolando meu cabelo
*e dizendo
*isso eh nosso
*vcs nao fazem parte
*vcs nao entedem nada
*com meu ar aristotélico
Isa Lorena. diz:
*com aquela boca que Deus e seu sarcasmo lhe deu foi ótimo
antonio luis diz:
*acima do bem, do mal, e no meio de todos
Isa Lorena. diz:
*eu vou postar isso. acredite. rs
antonio luis diz:
*e Juan, claro
*pra escandalizar a opniao
*Juan no seu braço
*o novo fruto dessa vanguarda
*eu preciso ver isso
*vamos viver isso
Outras palavras
Voltando à Alagoinhas, ainda sem Juan, deixei pra trás aquele shortinho verde dormindo na cama, com carinha de férias e bracinhos esticados. Desculpas a todos que decepcionei neste fim de semana, mas foi impossível desgrudar de meu pimpolho no friozinho que fazia no sábado á noite...
E o mais delicioso momento aconteceu quando as luzes se apagaram e fomos correndo pra varanda ver as estrelas muito mais nítidas no céu. Ai, ai, ai... Preciosidades...
Meia hora mais ou menos sem luz. O suficiente para achar planetas, ouvir o silêncio da noite e fazer pedidos. Outras palavras.
15 de janeiro de 2010
Olha í porque eu sou fã do Personare
Cheguei no trabalho azuada, plena sexta-feira, dia de voltar pros braços de Juan, coisas atrasadas a resolver, uma cacetada de pepinos.
Barriga reclamando do vazio, vou eu numa lanchonete comer misto de padaria e peço um suco de laranja com limão e gelo. Pois é.
Na volta, passo por um armarinho que há tempos namoro sem entrar e resolvo dar uma olhada nas continhas. Adoro contas. Adoro artesanato, é minha paixão. Alías, adoro toda atividade manual. Todas, rs. Passei um tempão lá olhando e graças a Deusa, não estava com dinheiro na mão.
Chegando no trabalho, abro o tarô do dia:
Experimente, é batata.
14 de janeiro de 2010
Pense no Haiti, Reze pelo Haiti
Possam estar por um momento voltados para o lado"
...
Quanto Mais Quente, Melhor
Uma das coisas que mais me deixa feliz é ser reconhecida pelo trabalho que faço, sobretudo pelos textos, já que as palavras são os elementos encantados dos meus dias. E mais feliz eu fico quando penso que foi justamente isso o que desejei desde sempre, ganhar dinheiro escrevendo, sobreviver desta maneira e não de outra, tecendo frases, criando sentidos.
É fato que ser assessora não estava no pacote de sonhos. Mas faz parte das atividades da profissão que abracei e que me dá a coca-cola de todo dia. E realmente não me importo de passar o dia inteiro criando textos. Só minha saúde não gosta muito do que faço e fica reclamando em dores, lembrando academia, essas coisinhas. Mas não faz mal, ninguém morre de artrose e esse ano eu pretendo mesmo tomar vergonha na cara e mandar essa barriga pro espaço.
Eu ia dizer que o que mais gosto na minha profissão é o tempo que ela me dá; mas justo quando eu ia começar a escrever dois dos meus colegas jornalistas começaram aqui a reclamar de sua falta de tempo e como “uma matéria toma todo o dia de uma pessoa”. Eu discordo. Mas é aquela discordância pessoalíssima mesmo. Sento e escrevo quantas matérias for necessário e incremento meu tempo com outras coisas, outros textos.
James escreveu certa vez uma frase que adorei: que ao invés de dar diplomas a jornalistas, que nos dessem gramáticas. Gostei. Sempre tento explicar aos deslumbrados de plantão que escrever se aprende escrevendo, tal qual andar de bicicleta e transar. Quanto mais pratica, melhor fica.
Enfim. Mesmo reclamando, amo mesmo o que faço. Só não sei viver de uma coisa só e meus planos de mudar o mundo ainda são muitos! E, desde 60, quanto mais quente, melhor.
13 de janeiro de 2010
Conto novo na Outra Casa
Passe lá.
Me empresta um gancho de puxar nuvens?
A vida é pontuada de saudades vazias e cheias. Cheias são as saudades fáceis de matar, vazias são aquelas já impossíveis de resolver. Vocês entenderam, não vamos abusar das lágrimas.
A vida é também feitas de ganchos lascivos, capazes de carregar de um canto a outros as coisas mais leves que há. Como nuvens numa tarde de calor. Coisas assim.
A vida é um viravolta de pontacabeça sem pé, sem mão, sem destino certo. A vida é um conquistar constante de ações. Um joguinho de xadrez com mais de dois cavalos.
Permaneço querendo a sorte de um amor tranqüilo. Mas tenho cá a certeza de que se ele chegasse agora, eu pedia mais cinco minutos.
Tenho um medo escroto de perder o ar. Um dia passa. Como tudo na vida...
Pelos poderes de Greiscow
Me arrisquei ontem a assistir Atividade Paranormal.
Antes ficasse em casa vendo Viver a Vida.
...
Tô no clima daquela música do Vanderli (é assim que escreve?): Revendo minha lida, minha casa, meus amores.
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Queria montar uma banda, pintar um bom quadro, aprender a surfar, a falar francês, dar a volta ao mundo e ter os poderes da She ra. Essas coisas básicas.
...
p.s. o google me contou que é vander lee. Chique, bem.
Os peixes ainda conversam...
Poemas de Miguel Carneiro na voz de Amenon Mascelani e na do próprio poeta. E de outros. E de outros. E outros...
Delícia de escutar.
Tremor de magnitude 7
A natureza se enfurece.
"Quando vc for convidado pra subir no adro da Fundação Casa de Jorge Amado", não cuspa lá de cima.
O Haiti não é aqui.
Porto da Barra / Por Marc Dumas
Dê um saque.
Uma merda é não ter grana pra comprar essas coisas...
12 de janeiro de 2010
Vivendo e aprendendo
Mais de 24 milhões de homens chineses em idade reprodutiva poderão ficar sem esposas em 2020, segundo um estudo da Academia Chinesa de Ciências Sociais divulgado nesta segunda-feira, 11. Em 2009, já havia um excesso de 32 milhões de homens abaixo dos 20 anos de idade na China, segundo um estudo publicado em abril pela revista especializada British Medical Journal.
...
Um zoológico na Alemanha colocou cinco das suas elefantas em uma rotina diária de exercícios para ajudá-las a ter uma gravidez e um parto mais saudáveis. Para prepará-las melhor para dar à luz, os veterinários recomendaram de
...
Chimpanzés já foram vistos dançando sob chuvas e tempestades. Agora, eles parecem possuir uma "dança do fogo" também. É o que se pode depreender depois que chimpanzé macho dominante encenou esse "rito" em frente a um fogo da savana, no Senegal. As informações são do NewScientist.
Somos quem podemos ser
"Quem ocupa o trono
Tem culpa
Quem oculta o crime
Também
Quem duvida da vida
Tem culpa
Quem evita a dúvida
Também tem..."
Engenheiros do Havaii
11 de janeiro de 2010
Visitando obras. Aproveitando as entrelinhas (férreas) do tempo.
Bretchiando
A forma como olhas.
Mas aquilo que viste
E aquilo que revelas, isso importa.
Vale a pena saberes aquilo que sabes.
Observar-te-ão
Para ver quão bem observaste.
Mas aquele que apenas se observa a si mesmo
Nada ganha do conhecimento dos homens.
Demasiadamente de si esconde a si mesmo.
E nenhum homem é mais sábio do que ele próprio"
8 de janeiro de 2010
Terra em Transe
Vamos saltar os tigres e os leões nos quintais
Tenho milhões de idéias por dia. A maioria permanece por segundos apenas na minha cachola. É como um fluxo contínuo de idéias correndo do nada para lugar algum – ou pulando de uma gaveta a outra, gosto mais dessa visão – e de repente, as melhores são capturadas.
Das capturadas, vão quase todas para o papel. Algumas viram projetos, outras desenhos, outras risadas. Mas hoje eu respeito muito minha idéias, “minhas lágrimas e ainda mais minhas risadas e escrevo assim minhas palavras na voz de uma mulher sagrada”. Sim, vaca profana total. É o que sempre digo ao James.
O lance é que “eu fica fora de mim” quando perco alguma. E é rápido que acontece. A idéia vem, vc lá entretido noutra coisa, aí pede um minuto de paciência a Tico e Teco e os num piscar de olhos os dois filhos da puta já foram dormir.
Explicar idéias pra mim, portanto. Antes pra mim do que pra outros.
Mas eu sou assim explícita mesmo e gosto de expor minhas idéias, meus conceitos, minhas prerrogativas. Gosto principalmente de ilustrá-las com palavras, como o faço agora.
O povo me pergunta constantemente como eu consigo fazer tanta coisaaomesmotempoagora. Mas eu só sei ser sendo assim. E a gente só é, sendo.
Por exemplo: não sei lidar muito bem com o ócio, apesar de saber descansar hoje mais que antes, depois de tantos puxões de orelha; não sei lidar também lidar com rotinas fixas. Meu tempo é agora e flexibilidade é um elemento essencial para a não dispersão; demoro pra dormir e tenho preguiça de acordar, então, não há um dia sequer de manhã que não acorde pensando em virar minha vida de ponta cabeça.
Durante o dia por exemplo, em frente à tela do computador, escrevo entre quatro e seis matérias por dia e nos ínterins atualizo os blogs, leio e respondo e-mails, converso no msn, vejo novos sites, leio notícias. E ainda levanto e saio pra apurar notícias, bebo água, faço xixi e atendo e faço ligações.
Meus dias nunca são iguais e é exatamente isso que me move. Sou inquieta por natureza e só aprendi de fato a importância de ter regras e limites depois da maternidade. Hoje além de traçar diretrizes pra Juan, as traço também pra mim. Mas me respeito muito, como disse antes.
Isso também me dá medo. Medo de um dia, sei lá, não poder trabalhar com jornalismo, com a palavra e ter de virar telefonista, por exemplo. Eu morreria.
Mas meu sonho mesmo que pretendo realizar dentro de dez anos, no máximo, é poder estar no mínimo de tempo possível – ou nem estar – dentro de uma empresa / organização. Quero trabalhar em casa, traçar meu ritmo, varar madrugadas, dormir de manhã. É um sonho antigo que venho batalhando pra conquistar. E sei que vou conseguir.
E cada vez que aprendo mais e mais a expor o que penso e o que sinto, vou percebendo essa conquista mais próxima a mim. É como um longo caminho a ser percorrido, com atalhos e trechos longos, com pedras e espinhos, correntezas, tempestades no caminho. Mas há também as flores. Há também os cheiros das flores e as cores; há os ciclos.
Acreditar nas idéias é fundamental. Conheço muito mais pessoas do que gostaria que aos 50, 60 anos não souberam aproveitar nem metade das idéias que teve no decorrer da vida. Oportunidades não são lineares, assim como a vida não é. Tudo é circular e transitório.
7 de janeiro de 2010
Vai, Chaplin, ser gauche no céu
* Texto do meu querido amigo Alberto Freire
A noite boêmia da cidade está de luto. Não haverá mais a figura de um Carlito se equilibrando entre a alegria e a melancolia, sobre as rodas de uma antiga bicicleta. Nunca mais será visto pelas noites da cidade, aquele personagem de si mesmo, cuspindo fogo como um dragão mambembe que tentava espantar a solidão e atrair um pouco de atenção, em troca de uns trocados. O artista de rua, melhor seria dizer de bares, que se vestia de Chaplin está morto desde o dia quatro. Sua arte não foi capaz de conter os dez tiros de revólver que lhe deram, após mais uma noite de jornada.
Diariamente aquele Carlito soteropolitano exibia sua performance de clown noturno e solitário. Um equilíbrio circense instável, feito de piruetas esperadas com patins ou skate e o gran finale no papel do homem que cospe fogo.
Terminado o espetáculo, ele derramava sobre os frequentadores o seu olhar indecifrável que escondia múltiplos sentimentos. Com o seu chapéu-coco pedia o reconhecimento em forma de algum dinheiro para subsistência artística.
Tudo nele parecia incompleto. O malabarismo, a maquiagem, o figurino, tudo. E residia aí sua graça, a nos lembrar do Carlito real, criado por Charles Chaplin, que ousou inserir um antagonista como principal personagem de um cinema em busca de afirmação como arte.
Assim também era o nosso Chaplin, com seu grito característico, avisando aos boêmios que dessem uma pausa na cerveja, ou nas conversas etílicas, que resolvem todos os problemas do mundo, para dispensar um fragmento de tempo e vê-lo desafiar Isaac Newton e a Lei da Gravidade, no picadeiro de asfalto urbano.
Ao morrer, as páginas policiais desvendaram sua identidade chamando-o de Gildenor Ferreira de Oliveira, 54 anos. Disseram também que o motivo da chacina fora uma vingança de traficantes porque aquele Chaplin ousou ensinar sua arte para tirar meninos do território das drogas. No limiar de uma nova década do século XXI, a combinação de arte e educação ainda provoca instabilidade e medo em quem faz da bala e da violência sua própria lei.
Os tiros provocaram uma morte múltipla. De uma só vez foram extintos Chaplin, Carlito e Gildenor. A arte de rua, os meninos do seu projeto e as noites de Salvador estarão mais tristes a partir de agora.
Suco de Maracujá
"E se pudéssemos ter a velocidade para ver tudo, assistiríamos tudo". Adoro essa frase, a música toda. E é uma das poucas que consigo arriscar no violão. Muito mal, claro. Mas quem é dos beijos é dos peidos também, como diz a minha vó.
...
Por falar em vó a minha Auré me deu um presente tão lindo, tão lindo, que em breve vou dividir com vcs: fotografias de minha bisa e meu biso que não conheci. Tive o prazer de conhecer na infância um biso e uma bisa, por parte de pai. O biso foi cedo, as lembranças são mínimas. Mas a bisa durou até os treze anos.
E apesar de ter dias alternados de humor, vivi com elas momentos marcantes, como no dia em que estava fazendo um cartaz pra escola, sobre DSTs e tal e quando me viu com váááárias camisinhas na mão ela saiu tacando tudo pro ar e berrando que aquilo era coisa de "mulé ruim".
E quando dava pra me trocar por uma prima? Era ô Glaydinha pra cá e pra lá e eu dizia não, vó, é Isa, é Isa... rs. Que figura Dona Anita...
...
A pessoa pergunta: Isa, o que eu boto aqui na legenda? Eu dou a frase. Aí a pessoa escreve a primeira palavra e diz: pô, repita aí, comemermo?
Na moral. Não tô nem um pouquinho afim de trabalhar meu deeeeeeeus!!!!!!!!
Queria passar a tarde deitada num sofá, tomando suco de maracujá e assistindo todos os Piratas do Caribe.
Merda. A vida não é justa.
6 de janeiro de 2010
Tsc.
Mas o que não vejo mesmo a hora é de Juan estar aqui comigo, em casa.
Ficar longe está foda, não dormir preocupada está foda, sentir que do jeito que está não tá bom tá foda.
Ah merda....
Des(mas)carada
Margareth Menezes não cantará nos Mascarados no Carnaval deste ano. O trio será comandado por uma banda batizada com o nome do bloco. O desfile continua na quinta-feira de Momo, às 21 horas, com os foliões tendo acesso gratuito, desde que estejam fantasiados.
5 de janeiro de 2010
Blog do maior desenhistas dos últimos tempos da última semana!
www.desenhosdejuan.blogspot.com
O nome já diz tudo.
Cliquem, e babem à vontade... rs
Na Barra, no Porto. 10 anos.
A grade de atrações da temporada 2010 mistura atrações já consagradas pelo grande público com artistas e bandas em ascensão no cenário musical baiano. Confira a programação:
08.01 – O Círculo e Peu Del Rey
15.01 – Neto Lobo e a Cacimba e Márcio Mello
22.01 – Juliana Ribeiro e Diamba
29.01 – Vânia Abreu e Marcelo Quintanilha e Emerson Taquarí.
Se joguem!
"A História De Lily Braun"
A Maria Gadú cantando isso é demais. A mulher é O Cara, definitivamente.
...
"Como num romance o homem dos meus sonhos me apareceu no dancing, era mais um
Só que num relance os seus olhos me chuparam feito um zoom
Ele me comia com aqueles olhos de comer fotografia, eu disse cheese
E de close em close fui perdendo a pose e até sorri, feliz
E voltou, me ofereceu um drinque, me chamou de anjo azul
Minha visão foi desde então ficando flou
Como no cinema me mandava às vezes uma rosa e um poema, foco de luz
Eu, feito uma gema me desmilingüindo toda ao som do blues
Abusou do scotch, disse que meu corpo era só dele aquela noite, eu disse please
Xale no decote, disparei com as faces rubras e febris
E voltou no derradeiro show com dez poemas e um buquê
Eu disse adeus, já vou com os meus numa turnê
Como amar esposa, disse ele que agora só me amava como esposa, não como star
Me amassou as rosas, me queimou as fotos, me beijou no altar
Nunca mais romance, nunca mais cinema, nunca mais drinque no dancing
Nunca mais cheese, nunca uma espelunca, uma rosa nunca, nunca mais feliz
Nunca mais romance, nunca mais cinema, nunca mais drinque no dancing
Nunca mais cheese, nunca uma espelunca, uma rosa nunca, nunca mais feliz"
Unidunitê, salamelinguê
Arriscar-se, atirar-se destemidamente na direção do novo. Eis o lema.
O meu desafio sempre foi ter foco. Eu quero tudoaomesmotempoagora e esqueço de focar. Mas isso já não é mais um fardo, visto que à medida em que nascem os fios brancos, melhora o funcionamento de nossas cacholas.
O conselho que me dou é sempre o mesmo: transformar idéias em projetos. Se não, fica tudo na cabeça e nada sai da 'caverna'. O palpável é sempre mais gostoso, vale lembrar.
Daí, como tenho esclerose precoce, eu anoto tudo. Tenho agenda, bloquinhos, murais, tudo à mão. Porque quando penso em algo e deixo pra lembrar depois, já era. E perder idéias é o ó do borogodó.
...
Agora, respondam depressa: porque as pessoas se preocupam mais em saber a que horas o presidente toma banho de mar em Inema do que sobre os rumos econômicos do país?
...
Se 2012 fosse filmado com cenas reais teria chances de ser um bom filme. Não precisava gastar tanto com cenário com tanta calamidade real acontecendo no mundo né gente?
4 de janeiro de 2010
Que eu desorganizando posso me organizar.
Depois de mais quatro dias em salvador, Alagodé.
Saudade do mar já. Iemanjá veio comigo.
Cheguei com céu cinza. Delícia de vento com pouco sol.
...
Lendo um artigo do Leminski, meu cachorro louco predileto, publicado na Folha Ilustrada em 1985, ri sozinha do meu último post. Ele diz: "É preciso acreditar em alguma coisa (...) Os muito cínicos que me desculpem, mas fé é fundamental. E, para ter fé, é preciso uma boa e corajosa dose de burrice (...) E eu estou aqui para alertar contra os perigos da inteligência e da lucidez em estado puro. Eu quero a inteligência em estado burro. Inteligência é que nem droga. Nego começa com um pouquinho, vai aumentando a dose. e, de repente, está viciado".
É isso aí meu caro, distraídos venceremos. Mesmo.
...
Fui assistir o tal 2012. Fiquei meio assim de comentar antes, mas já vi que não adianta, só eu achei isso do filme: que troço ruim. Não de todo, obviamente. O filme me proporcionou boa dose de adrenalina e coisa e tal, mas saí do cinema como quem levanta do sofá depois de uma sessão da tarde. E só.
E ainda não consegui ver Avatar, que já me recomendaram assistir em 3D mesmo. Pra curtir o filme adoidado se não nem vale. Voilá. Depois de Besouro, vai demorar pra eu acreditar de novo em críticas apaixonadas...
...
Mesmo que vc já tenha visto, não custa lembrar a canalhisse do Boris Casoy. Porque nem nome isso tem. Veja aqui.
E aí depois o filadaputa pede desculpa com a cara limpa...
Prevalece a sensação de que na terra brasilis é tudo permitido. Menos queimar um fininho na rua, of course.
Mas, voltando ao leminski, "É preciso acreditar em alguma coisa"...
3 de janeiro de 2010
E algum veneno anti-monotonia...
As vezes penso que queria me apaixonar de novo. Mas não é lá uma vontade tão verdadeira, é mais um impulso, um querer descabido, uma carência de sentimentos pra expor.
Faz tempo que não me apaixono. Faz tempo que alguém não mexe de verdade comigo, me arrancando mais que suspiros, mais que desejos... Faz tempo que não sei o que é fechar os olhos e pensar em alguém. Faz tempo. E essa lacuna as vezes incomoda, porque me faz sentir um vazio que racionalmente não há.
Se apaixonar é bom pelo colorido que empresta à vida, pela leveza, pelos novos ângulos. Mas traz também angústia e dor e um vazio real, no depois certeiro. O que sinto falta mesmo é daquelas paixões cegas, da ingenuidade da coisa... Hoje isso é quase impossível de acontecer. E essa certeza é bastante triste, pra mim, no auge dos meus 27 outonos apenas...
Passear de mãos dadas, passar um dia na cama, dormir abraçado uma vez por semana, cagar conversando, Tomar banho de mar, filosofar putaria, sair com a galera, rir junto, chorar também, ver o pôr do sol em silêncio... Eu sou uma pessoa privilegiada sabe? Porque todos os meus namorados, sem exceção, foram maravilhos. E não foram poucos. Todos carinhosos, atenciosos, uns amores. Mas foram grandes paixões. Não apenas, mas não mais que isso... E agora eu sinto que já é hora de amar, de brigar e voltar, de compreender, de ter mais paciência, de ficar pro café da manhã. Mas não é fácil...
Dificulta mais ainda saber que não há tampa certa, metade de laranja, entre outras baboseiras. Nesse mundo superpovoado eu devo ter no mínimo umas 10 mil almas gêmeas. Somando mu tempo de vida com trabalho, afazeres domésticos, amigos e vontade de viver, não vai dá pra nem conhecer a quarta parte disso. Quanto mais comer, apaixonar e amar. Ou seja: a metade da minha cara eu viro e olho no espelho mesmo.
Mas sim, eu quero acreditar sim. Ultrapassar o ceticismo e acreditar que ainda vou me apaixonar e mais que isso, vou dividir e multiplicar e tecer uma boa parceria. Quero acreditar. Mesmo com esse risinho irônico e bobo que me toma agora...
Bem, enquanto o amor não vem, e vou ficar aqui com o meu Pós Tudo: 50 anos de cultura na ilustrada, livrão lindão que comprei ontem e que devoro agora. O resto, e continuidade.
1 de janeiro de 2010
2010... Que descolorirá.
Mais um amanhecer. Mais um recomeço,mais um dia. Um novo ano, novas possibilidades. Os mesmos quereres, mais explícitos. Uns desejos a mais, outros sorrisos. O inevitável renovar de esperanças, um ohar mais altivo, um pensamento mais longínguo, novas sentenças. Desejo de paz, de novas paixões, um amor mais aberto, esperando sentidos.
Isso tudo é ano novo. E ainda é mais.
Parabéns a nossa nave mãe, por completar mais um ciclo. Um agradecimento especial à natureza, por sua força, pelo seu inevitáve continuar, mesmo tão agredida, tão doente.
Esse ano, perto de pessoas tão queridas, vi o novo dia nascendo. Juan encantado com os pássaros acordando, banho de mangueira em um dos maravilhosos quintais de minha infância.
Ano novo de novo. Muita vontade de ser feliz. E como bem disse o meu pequeno, vamos agradecer por estarmos vivos. Sim, é isso mesmo que importa. Vamos fechar os olhos só um pouquinho e agradecer. E depois seguir adiante, dando continuidade a tudo o que começamos. Vamos explorar nossos sentidos e beijar com vontade, abraçar com vontade e sorrir para os nossos, com olhos e dentes.
Hoje o dia está tão lindo em Salvador... Vejo uma mangueira suculenta da janela, com folhas dançando de leve ao som do vento, sob o céu azul.
"Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá. O fim dela, ninguém sabe bem ao certo onde vai dar. Vamos todos juntos nessa passarela de uma aquarela que um dia, enfim, descolorirá".
Um 2010 feliz. De verdade, pra gente.