Arte é aquilo que a gente pratica pra dar um tantinho de sentido à vida, já que sentido mesmo nesta porra, não há.
Eu tenho meus rituais. Gosto de cantar, de ler e de escrever, sobretudo, já que a música e a palavra faze parte de meus seletos vícios que incluem ainda chocolates e ervas.
Posso também passar minutos olhando uma árvore. Plantas em geral me cativam, mas árvores são preferencia, com seus troncos e suas raízes, aquela coisa fálica brotando da terra...
Gosto de pintar também. Na verdade, gosto de lambuzar uma superfície qualquer com tinta, já que pintar mesmo eu não sei muito. E gosto de trabalhar. Puta que pariu. Essa parte é a que menos me agrada quando penso e é a que mais me gratifica, quando acaba.
Aí vc se pergunta: e desde quando trabalhar é arte, caralho?
Mas é.
Claro que dependendo do que vc faz pra pra pagar luz e água, a última coisa que vc quer é saber em que buraco está a arte daquio. ok.
Mas o fato é que a ou a gente dá sentido a essa viagem sem passagem marcada, ou se fode bonito. dispiroca total.
Conheço uns casos bem punks que não valem citação. Afinal é carnaval mesmo e burngundum não combina com tristeza. Prova disso é o povo que sai do interior pra vir acampar no campo grande durante os dias de folia, com suas latinhas e isopôs,pra ganhar uma mixariae á lá, rindo e acreditando em alguma coisa. Ou mesmo os milhares de cordeiros, que ganham um lanchinho e uma garrafinha de água pra separar joio do trig e debaixo de sol, chuva, socos e afins, segue sorrindo e feliz de "fazer parte da folia". Enfim, enfim.
Até esse domingo de carnaval, por exemplo, mais de 90 mil toneladas de latinhas já foram recolhidas pelos catadores. Ou seja: "Tem dias que eu fico pensando na vida e sinceramente nao vejo saída", como disse o Vinícius e o Manoel Carlos nos fez relembrar.
Descobri que a vida podia ter um pouco mais de sentido depois que Juan nasceu. Alí eu fiz arte de verdade: juntei dança, música, literatura e artes plásticas e criei uma pessoa. Pedaço de mim.
Depois disso, de oito anos pra cá, fui encontrando fé onde não havia nada. E alguns sentidos foram nascendo.
Nãosou uma cética absolutista. Muito pelo contrário. Estou sempre buscando brechas, acreditando. Lutando, princialmente, por esse acreditar. Mas as vezes...
Todo carnaval tem seu fim, como cantava o Los Hermanos. E tem de ser né, já que "nada renasce antes que se acabe". E os sentidos, talvez, estejam mesmo nesta ciclicidade da vida. Afinal, é o nascer e o pôr do sol que marcam os dias.
Façamos arte. Encontremos novos sentidos. E vamos repercutindo, externando as descobertas, dividindo, porque, "sei lá, só sei que é preciso paixão"...
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