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28 de setembro de 2010

Poetizar-se

Não quis mais esperar e partiu.
Numa noite ainda fria
quando chegava a primavera,
ele partia.
Passou noites insones a pensar na melhor forma de ir
E se foi decidido de que jamais regressaria.

Imaginou fronteiras de versos
Pensou em luzes e sombras,
em canteiros infinitos de flores,
na escuridão pulsante
que se aproximaria a beijar sua face
e se foi...

Talvez fosse meu melhor poema
Talvez nada disso fosse
Talvez eu seja só o homem
com vontade de partir

23 de setembro de 2010

Um híbrido poético

Sou fogo e calma. Contradição, camaleoa. Sou música. Sou vida através das músicas, das sonoridades. Sou letras. Palavras. Gosto de recitá-las, de sabê-las, gosto de criá-las. Gosto do criar. Sou sandálias com queda por tênis e altos saltos para a feminilidade… Sou intuição. Sou o não acreditar querendo… Sou mãe. Sou filha. Sou mulher, bruta, meiga, cruel, sarcástica...
    Sou corpo, sou d(eu)s. sou uma essência que se busca. Que se perde sempre quando pensa que se acha. Sou Chico Buarque eternamente, sou Caetano de cabelos longos e Gil, com sua lata de poeta onde tudo nada cabe. Sou pintura, tinta que se espalha na tela e fora dela, pelo chão, pelo teto, pelos corpos... Sou casa. Sou rua. Sou gente. A eterna descoberta. Sou ávida, eufórica, fatídica, trágica e impulsiva. “O primeiro drama, a primeira dama, o primeiro amor”.
    Sou o querer. Sou o silêncio na tentativa do não angustiante. Sou dinâmica e perfeição. Sou poesia, numa tentativa ininterrupta de ser poeta. Sou Fernando Pessoa, fingidor… Sou virtudes. Transparência. Sou sangue. Literalmente doadora dentro e fora do meu O positivo. Sou mar, praia deserta. Sou álcool e sou água de coco. Sou sexo. Sou toque, olhar, numa busca incessante de prazer. Sou carne, sou fruto e sou sede. Sou chão, paredes e gritos. Sou escrita, com vestígios de informática. Sou correio, sou cartas de amor, todas elas ridículas.
    Sou Elis Regina, sou clara Nunes, Cássia Eller, Vânia Abreu e Elza; sou suas vozes, tão humanas e femininas. Sou águas de Março com ou sem o Tom. Sou Leminski, sou concreta em minhas abstrações. Sou a palavra que nunca foi dita, sou aquela que não termina. Sou a marginalidade sutil. Sou roupa leve, larga… Sou Frida. Sou pássaros cantando de manhã e a sou a calma da madrugada. Sou as cinco da tarde e sou o vermelho do pôr do sol. Sou erva, suco de laranja e café com cigarro. Sou vermelho, sou preto e sou também colorida.
    Sou Salvador. Sou os casarões antigos, sou coisas antigas, brechós, sebos e antiquários. Sou os planos inclinados, sou elevador Lacerda e Taboão. Sou os casebres entre a cidade alta e baixa. Sou a cidade vista do mar, sou o mar, seus barcos, seu porto, seus navios, sua história. Sou Mercado –  vão modelo - sou a luta de seus inúmeros fantasmas. Sou a baía e sou todos os santos… Sou a travessia para Itaparica. Sou outras ilhas sem saber. Sou árvores centenárias e sou plantinhas. Sou nuvens. Sou museus. Sou público. Sou a Contorno descida à pé.
    Sou o pensar querendo trégua. Sou procura. Sou meu filho e a certeza de um amar sem fronteiras. Sou o educar, anatomia. Sou Raul em suas paranóias e metamorfoses ambulantes. Sou teatro, sou cinema, sou arte. Sou artista da minha arte. Sou meus amigos. Sou saudade. Sou despedidas sem lágrimas, o tempo oculto, sou a vida com paixão. Sou meu pai, minha mãe, meu povo. Sou aqueles que ainda não conheci. Sou fotografia… profundidade. Sou terreiros, igrejas, templos, religiões. Sou o místico, o cético e o ateu. Sou o Jesus político, sou cruz, sou forca e pelourinho.
    Sou o tempo que passou, mas nunca acaba... Porque sou Jornalista, porque registro o tempo em sonoplastias impressas, em detalhes, caracteres variados. Sou a transmissão de idéias, grito os fatos. Sempre mais a cada linha, a cada outono, a cada março, a cada ciclo. As vezes Isa, as vezes Lorena. Sempre um híbrido poético.

14 de setembro de 2010

A FOME DE MARINA

Por José Ribamar Bessa Freire

    (Professor, coordena o Programa de Estudos dos Povos Indígenas (UERJ)
e pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Memória Social (UNIRIO)

 
                  Há pouco, Caetano Veloso descartou do seu horizonte
eleitoral o presidente Lula da Silva, justificando: "Lula é
analfabeto". Por isso, o cantor baiano aderiu à candidatura da
senadora Marina da Silva , que tem diploma universitário. Agora, vem a
roqueira Rita Lee dizendo que nem assim vota em Marina para
presidente, "porque ela tem cara de quem está com fome".

                  Os Silva não têm saída: se correr o Caetano pega, se
ficar a Rita come.

                  Tais declarações são espantosas, porque foram feitas
não por pistoleiros truculentos, mas por dois artistas refinados,
sensíveis e contestadores, cujas músicas nos embalam e nos ajudam a
compreender a aventura da existência humana.

                  Num país dominado durante cinco séculos por bacharéis
cevados, roliços e enxudiosos, eles naturalizaram o canudo de papel e
a banha como requisitos indispensáveis ao exercício de governar, para
o qual os Silva, por serem iletrados e subnutridos, estariam
despreparados.

                  Caetano Veloso e Rita Lee foram levianos, deselegantes
e preconceituosos. Ofenderam o povo brasileiro, que abriga, afinal,
uma multidão de silvas famélicos e desescolarizados.

                  De um lado, reforçam a ideia burra e cartorial de que o
saber só existe se for sacramentado pela escola e que tal saber é
condição sine qua non para o exercício do poder. De outro, pecam
querendo nos fazer acreditar que quem está com fome carece de
qualidades para o exercício da representação política.

                  A rainha do rock, debochada, irreverente e crítica, a
quem todos admiramos, dessa vez pisou na bola. Feio."Venenosa! Êh êh
êh êh êh!/ Erva venenosa, êh êh êh êh êh!/ É pior do que cobra
cascavel/ O seu veneno é cruel.../ Deus do céu!/ Como ela é maldosa!".

                  Nenhum dos dois - nem Caetano, nem Rita - têm tutano
para entender esse Brasil profundo que os silvas representam.

                  A senadora Marina da Silva tem mesmo cara de quem está
com fome? Ou se trata de um preconceito da roqueira, que só vê
desnutrição ali onde nós vemos uma beleza frágil e sofrida de Frida
Kahlo, com seu cabelo amarrado em um coque, seus vestidos longos e seu
inevitável xale? Talvez Rita Lee tenha razão em ver fome na cara de
Marina, mas se trata de uma fome plural, cuja geografia precisa ser
delineada. Se for fome, é fome de quê?

                  O mapa da fome

                  A primeira fome de Marina é, efetivamente, fome de
comida, fome que roeu sua infância de menina seringueira, quando comeu
a macaxeira que o capiroto ralou. Traz em seu rosto as marcas da
pobreza, de uma fome crônica que nasceu com ela na colocação de Breu
Velho, dentro do Seringal Bagaço, no Acre.

                  Órfã da mãe ainda menina, acordava de madrugada, andava
quilômetros para cortar seringa, fazia roça, remava, carregava água,
pescava e até caçava. Três de seus irmãos não aguentaram e acabaram
aumentando o alto índice de mortalidade infantil.

                  Com seus 53 quilos atuais, a segunda fome de Marina é
dos alimentos que, mesmo agora, com salário de senadora, não pode
usufruir: carne vermelha, frutos do mar, lactose, condimentos e uma
longa lista de uma rigorosa dieta prescrita pelos médicos, em razão de
doenças contraídas quando cortava seringa no meio da floresta. Aos
seis anos, ela teve o sangue contaminado por mercúrio. Contraiu cinco
malárias, três hepatites e uma leishmaniose.

                  A fome de conhecimentos é a terceira fome de Marina.
Não havia escolas no seringal. Ela adquiriu os saberes da floresta
através da experiência e do mundo mágico da oralidade. Quando contraiu
hepatite, aos 16 anos, foi para a cidade em busca de tratamento médico
e aí mitigou o apetite por novos saberes nas aulas do Mobral e no
curso de Educação Integrada, onde aprendeu a ler e escrever.

                  Fez os supletivos de 1º e 2º graus e depois o
vestibular para o Curso de História da Universidade Federal do Acre,
trabalhando como empregada doméstica, lavando roupa, cozinhando,
faxinando.

                  Fome e sede de justiça: essa é sua quarta fome. Para
saciá-la, militou nas Comunidades Eclesiais de Base, na associação de
moradores de seu bairro, no movimento estudantil e sindical. Junto com
Chico Mendes, fundou a CUT no Acre e depois ajudou a construir o PT.

                  Exerceu dois mandatos de vereadora em Rio Branco ,
quando devolveu o dinheiro das mordomias legais, mas escandalosas,
forçando os demais vereadores a fazerem o mesmo. Elegeu-se deputada
estadual e depois senadora, também por dois mandatos, defendendo os
índios, os trabalhadores rurais e os povos da floresta.

                  Quem viveu da floresta, não quer que a floresta morra.
A cidadania ambiental faz parte da sua quinta fome. Ministra do Meio
Ambiente, ela criou o Serviço Florestal Brasileiro e o Fundo de
Desenvolvimento para gerir as florestas e estimular o manejo
florestal.

                  Combateu, através do Ibama, as atividades predatórias.
Reduziu, em três anos, o desmatamento da Amazônia de 57%, com a
apreensão de um milhão de metros cúbicos de madeira, prisão de mais
700 criminosos ambientais, desmonte de mais de 1,5 mil empresas
ilegais e inibição de 37 mil propriedades de grilagem.

                  Tudo vira bosta

                  Esse é o retrato das fomes de Marina da Silva que - na
voz de Rita Lee - a descredencia para o exercício da presidência da
República porque, no frigir dos ovos, "o ovo frito, o caviar e o
cozido/ a buchada e o cabrito/ o cinzento e o colorido/ a ditadura e o
oprimido/ o prometido e não cumprido/ e o programa do partido: tudo
vira bosta".

                  Lendo a declaração da roqueira, é o caso de
devolver-lhe a letra de outra música - 'Se Manca' - dizendo a ela:
"Nem sou Lacan/ pra te botar no divã/ e ouvir sua merda/ Se manca,
neném!/ Gente mala a gente trata com desdém/ Se manca, neném/ Não vem
se achando bacana/ você é babaca".

                  Rita Lee é babaca? Claro que não, mas certamente
cometeu uma babaquice. Numa de suas músicas - 'Você vem' - ela faz
autocrítica antecipada, confessando: "Não entendo de política/ Juro
que o Brasil não é mais chanchada/ Você vem... e faz piada". Como ela
é mutante, esperamos que faça um gesto grandioso, um pedido de
desculpas dirigido ao povo brasileiro, cantando: "Desculpe o auê/ Eu
não queria magoar você".

                  A mesma bala do preconceito disparada contra Marina
atingiu também a ministra Dilma Rousseff, em quem Rita Lee também não
vota porque, "ela tem cara de professora de matemática e mete medo".
Ah, Rita Lee conseguiu o milagre de tornar a ministra Dilma menos
antipática! Não usaria essa imagem, se tivesse aprendido elevar uma
fração a uma potência, em Manaus, com a professora Mercedes Ponce de
Leão, tão fofinha, ou com a nega Nathércia Menezes, tão altaneira.

                  Deixa ver se eu entendi direito: Marina não serve
porque tem cara de fome. Dilma, porque mete mais medo que um exército
de logaritmos, catetos, hipotenusas, senos e co-senos. Serra, todos
nós sabemos, tem cara de vampiro. Sobra quem?

                  Se for para votar em quem tem cara de quem comeu (e
gostou), vamos ressuscitar, então, Paulo Salim Maluf ou Collor de
Mello, que exalam saúde por todos os dentes. Ou o Sarney, untuoso, com
sua cara de ratazana bigoduda. Por que não chamar o José Roberto
Arruda, dono de um apetite voraz e de cuecões multi-bolsos? Como
diriam os franceses, "il péte de santé".

                  O banqueiro Daniel Dantas, bem escanhoado e já
desalgemado, tem cara de quem se alimenta bem. Essa é a elite bem
nutrida do Brasil...

                  Rita Lee não se enganou: Marina tem a cara de fome do
Brasil, mas isso não é motivo para deixar de votar nela, porque essa é
também a cara da resistência, da luta da inteligência contra a
brutalidade, do milagre da sobrevivência, o que lhe dá autoridade e a
credencia para o exercício de liderança em nosso país.


                  Marina Silva, a cara da fome? Esse é um argumento
convincente para votar nela. Se eu tinha alguma dúvida, Rita Lee me
convenceu definitivamente.

  

Minha versão do babado

Tô ficando alagadinha, Tô ficando alagadinha, Tô ficando alagadinha....

13 de setembro de 2010

Existe uma diferença sutil entre o desejo de conquista e a supervalorização do que não se têm. Perceber isso é gostoso, faz com que agradeçamos o nosso presente (olha só que nome danado de lógico?) e não se prenda ao passado ou tente agarrar o futuro como se ele fosse um troço distante e não a construção do agora.

9 de setembro de 2010

Meu sangue errou de veia e se perdeu...

"Se ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir"

8 de setembro de 2010

Pare o mundo que eu quero descer!!!!!!!!!!!!!!!!

Inventei de comer uma merda de um rocambole de chocolate e agora tô morrendo de azia e a dor de cabela apontando já. Detesto fazer essas burrices, ó céus!

Parece um ataque a mim mesma e totalmente desproposital.

E o pior é não poder ir pra casa. Reunião marcada para as 19h!

Florbela Espanca

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!

6 de setembro de 2010

Se já perdemos a noção da hora..

Segunda-feira, véspera de feriado. Dia de caixa de e-mail vazia, quase nada pra escrever e você trabalhando. Só vc, claro, porque estudou pouco ou então acreditou que ser jornalista era um caminho. E eu que tenho medos pavorosos do ócio – não dele por ele mesmo e nem dele quando estou em casa, simplesmente, podendo ficar na cama, acompanhada ou não – estou tentando não surtar e acima de tudo, acordar.

Mas eu nem quero falar de Alagoinhas. Quero é dizer que chegar em Salvador e descobrir que a rodoviária finalmente tem um sanitário novo é muito bom, mas descobrir que é preciso pagar um real para mijar é triste.

E o que me dizem de ver a cara da cidade às sete e meia e só conseguir descer na rodoviária uma hora depois, engarrafada no iguatemi? Pois eu tenho uma melhor: mofar num ponto de ônibus e só chegar às 11 no flamengo. Que me dizem?

A cidade está cada vez mais inchada e insuportável. As pessoas parecem deseducar-se cada dia mais e a Estação Iguatemi é o inferno que Dante não conheceu.

Mas passar o final de semana rodeada de amigos não tem preço. E salvador continua me encantando nas madrugadas, quando as ruas estão semi-vazias, com alguns carros apressados cortando avenidas e toda poética que há longe dos postos de gasolina, claro, onde algumas criaturas disputam para ver quem toca mais pagode e sertanejo por minuto.

Pouco vi o mar desta vez. Furei com um monte de gente, tomei muita cachaça e ri muito!

Agora o lance é controlar as pálpebras. E tentar esquecer que amanhã é feriado. Pros outros.



p.s. Claudinhaaaaa! Tem carta no caminho pra vc! 

3 de setembro de 2010


Mulheres, mulheres... Vcs não sabem o que estão perdendo!


E sintam-se em casa!

2 de setembro de 2010


"Gosto do que me tira o fôlego. Venero o improvável. Almejo o quase impossível. Meu coração é livre, mesmo amando tanto. Tenho um ritmo que me complica. Uma vontade que não passa. Uma palavra que nunca dorme. Experimente gostar de mim. Não sou fácil. Mudo de humor conforme a lua. Me irrito fácil. Me desinteresso à toa. Tenho o desassossego dentro da bolsa. E um par de asas que nunca deixo. Às vezes,quando é tarde da noite, eu viajo. E, sem saber, busco respostas que não encontro aqui. Ontem,eu perdi um sonho e acordei chorando, logo eu que adoro sorrir... Mas não tem nada,não. Bonito mesmo é essa coisa da vida: um dia, quando menos se espera, a gente se supera e chega mais perto de ser quem, na verdade, a gente é!"

1 de setembro de 2010

Quer saber? Cansei de ser profunda pra quem é raso.
Quer o básico amigo? Então vamos lá.
Pior dia da tpm: me sentindo extremanete frágil, triste, burra, indecisa, indefinida, tudo tudo de ruim. merda que as vezes cansa ser mulher. cansa!
Chega uma hora em que cansa ser compreensiva sozinha.