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8 de março de 2010

Então tá: viva as mulé

Já que hoje é o dia da mulher, aqui e acolá; já que insistem em pontuar toda a nossa luta seclória em um único dia; já que esse negócio de afirmação está em voga e, principalmente, já que todo mundo agora quer ser mulher, acha bonitinho e coisa tal, aqui vai a minha homenagem às verdadeiras mulheres, aquelas que sabem que seu brilho não se esvai numa panela nem num tanque. Meus parabéns àquelas mulheres que fazem jornadas duplas, triplas e que sabem que um mundo justo não é um mundo igual e sim aquele onde se respeitam as diferenças, sobretrudo sexuais.

Nesse 8 de março, meu ode à xoxota, esse pedaço feminino tão nosso, pois é da xoxota que nasce o homem. E se não nasce necessariamente dela, é nela que se faz. É da xoxota que se esvai a poética mais humanista. É ela que melhor traduz a anatomia do feminino, côncava, boca que infelizmente tantas vezes come o que não lhe satisfaz.

É da xoxota que sai o líquido espesso que pontua o ciclo do nascimento e do não, transbordando em fúria sanguinária o que não lhe serviu naquele momento. E por essas e outras razões sexuais ou metafóricas, é literal, é literária, é poética, profética, pagã.

Abençoado seja o feminino, transgressor, latente, ininterrupto, pois sem ele, não seríamos; Abençoada seja a xoxota, pois dela nascem todas as possibilidades...

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