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15 de março de 2011

O meu amor...

Ele tem um sotaque dual, uma fonoaudiologia muito própria, algo entre a Bahia e o Rio, com palavras muito suas, com puxadas naturais. Tem manias de velho: coça a cabeça e fala sozinho, alma antiga desse mundo que me escolheu pra guardiã, sua mentora e parteira, mãe de muitos sins e muitos nãos.

Ele senta na latrina com uma pilha de revistas e conhece os seus cheiros e sua geografia, como toda gente sábia, que não acanha em mergulhar. Tem espírito de artista, olhar profundo, calma cativa. E respeita a si e ao mundo, cada coisa em seu lugar.

Ele come devagar, na sua manha de menino e reclama pra tomar banho, mas demora pra sair tanto quanto para entrar. Tem suas teimas, tem seus vícios, mas aprendeu a caotizar tudo e do alto da colina, aprender a repensar. Se reinventa, se descobre, gosta de fogueira e vela; filho de bruxa, neto de nobres, pensador de texto e rascunho, vive sempre a matutar.

Ele se chama Juanito. O Don Juan, o meu carlito, com suas gaiatices (pai)téticas, de gargalhadas pelo ar. Ele é feliz e me apaixono, dia a dia, plano a plano, grafias nossas, amor eterno, do mais profundo e dialético, que no mundo há de se inventar.  

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