Arnaldo Antunes. E quem mais?
Eu sempre quis ter barbas, mas outras coisas estão caindo em seu lugar; a diferença já é pouca nessa hora. Hoje eu vi, entre uma cochilada e outra em minha viagem, o azul estupidamente gelado do mar. Como eu queria me jogar ali, como eu queria me jogar inteira nua, todo ele em mim e eu a penetrá-lo num orgasmo só. Que azul, que tons de azul intenso... E a maré cheia...
Campeonato de surf em Patamares, as três pontes de Jaguaribe - que me fazem lembrar da infância, quando ia de mãos dadas a minha mãe passar o dia quebrando ondas no pedaço de mar em frente à barraca Mordomia. Uma delícia. Ainda está lá a barraca.
Tem os coqueiros de Jardim de Alah emoldurados pelo céu. Ali eu gosto azul ou cinza, é sempre lindo. E tem o Rio Vermelho, a Praia da paciência com sua curva, sua faixa de areia em declínio e as ondas semi-brutas. Ainda ali tem a ponta da Pedra da Sereia, as pedras e o mar contrastando suas cores... Aí tem o morro do cristo, aquele mar bravio e incerto... E tem a Barra, tem o Farol. Não ele exato, mas seu mar dos lados. Aquela faixinha de praia deserta antes do porto... E o Porto. Que é cenário composto de pessoas mesmo e deixa uma saudade quando o ônibus vira pra subir a ladeira. Mas aí vem o mar da Contorno apaziguar tudo, deixar vontade de descer, de ali ficar.
Depois é só susto. Avenida Sete, amontoado de gente pra lá e pra cá na Piedade e na Sé... E daí que fica em mim essa vontade de mar durante o dia, me alimentando daquele azul da manhã. Mas daqui de cima, do alto da janela que espreita o mar da baía, posso sentir o sol se pôr tão lindo quanto: quando o dia se despede, o sol projeta os seus vermelhos até que se finde a sua luz, deixando aberta a possibilidade de que o preto do céu nos envelheça.
Salve Salvador.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Abra a boca e mostra a língua!