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16 de dezembro de 2010

Valores

A gente cresce e vai descobrindo mais claramente que não pode nem deve criar expectativas demais em torno das pessoas, sobretudo as que são mais próximas e que mais amamos. Mas vira e mexe acontece de vc se pegar decepcionado com alguém. É natural. O que não acho natural é se martirizar por isso. Hoje vejo que o melhor é dar um tempo pra que a poeira abaixe, que o sentimento se acalme e vc simplesmente siga em frente, sem precisar tirar aquela pessoa da sua vida, apenas relocando-a de lugar. Simples assim.

Claro que não tão simples se o grau de amizade é grande, se o amor é latente e por aí vai. Mas também não precisa complicar tanto! Acho que dar-se tempo para saber seus limites é o essencial. Nesse e em todos os outros casos da vida.

E também tem aquele lance: chega um momento que a gente se cansa de quem tem mais discurso que atitude. De quem prega uma coisa e faz outra ou de quem age com os outros, diferente de como quer que os outros ajam consigo. Cansa. Isso cansa mesmo... E quando se trata de alguém que vc ama muito, vc até insiste em ter paciência pra escutar e entender... Afinal, vc deseja o crescimento dessa pessoa, deseja que ela se encontre, tanto quanto vc própria deseja se encontrar.

Mas o tempo não pára. O mundo não vai dar um tempo só porque vc precisa descer pra vomitar.

Amigos, para mim, existem pra isso. Quando vc grita que cansou ele vai lá e te dá força e vc espera o mesmo dele e depois de um tempo, quando isso acontece naturalmente, nada precisa ser pensado demais, simplesmente acontece. A amizade permite que o amor, esse truque, seja exercitado de uma forma diferente do amor romântico, com duas vezes mais truques do que cabe, de fato. Então sempre haverá um amigo pra te acompanhar na hora desse vômito estrutural e ele certamente vai fazer isso com prazer, mesmo reclamando de ter sido respingado.

Amizade e respeito são valores culturais? Claro que sim. Mas vão além disso. E quem não consegue se enxergar além do primitivo, precisa de uns óculos. “Eu quero a esperança de óculos”, cantava Elis. É bem por aí. Eu quero a minha com lentes grossas, pra perto e pra longe e estarei sempre pronta pra dar uma escapulida e vomitar com meus amigos. Exceto quando qualquer um deles tenha apenas a intenção de vomitar por vomitar, na minha cara. Aí é tchau e benção, como se diz sabiamente aqui na Bahia...

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