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18 de agosto de 2011

Antes do previsto...

"No ano que vem eu faço 70 anos, não vou ficar reivindicando juventude. O tempo passa a ser uma coisa valiosa em si para si"

Gilberto Gil
Ler essa frase de Gil nessa manhã tão cinza em que os dias se acumulam junto às contas a pagar, à poeira da casa, os papéis não lidos, os telefonemas que não dei, as declarações que não fiz... me faz rever – aos poucos – uma martelada que insiste em machucar minha cabeça, com cacetadas inda mais fortes durante os últimos dias: eu envelheci antes. Antes do previsto. Antes que quisesse. Antes que pudesse me armar.

Não falo da maternidade aos 19. Talvez antes. Em contexto. Sim, talvez. O fato é que envelheci  rapido demais e aos 29, não consigo me encaixar nem na juventude que me guarda cronologicamente, nem na velhice do sedentarismo. Sou alguém fora do meu tempo, agora. Mas quando antes estive nele, devidamente encaixada, efetivamente?

“.. não vou ficar reivindicando juventude...”, Gil diz. Também não quero. Olho com distância os adolescentes do meu tempo, os de 15, os de 20 e alguns de 30, os piores da espécie, a meu ver. Sinto-me contemporânea em muitos sentidos, assisto o jornal da meia noite e me encaixo na geração Y, pela instataneidade das informações que me perpassam e que tento agarrar de uma forma ou outra; mas ainda assim me sinto antiga.

E piora um pouco as coisas quando observo a minha música, minha literatura e devaneios, todos muito antigos, muito utópicos... e a minha nostalgia, muito própria, não me deixa nem fingir que estou errada...

O tempo é coisa valiosa... e pode ser desastroso não saber aproveita-lo. E sabe, sinceramente? A sabedoria de Gil me estapeia... e a mim, com cara inchada, só resta mesmo o refletir.. pra desobstruir, pra me tirar da confusão...

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