“A casa da gente é uma metáfora da nossa vida,
é a representação exata e fiel do nosso mundo interior”.
Viajei ao ler essa frase no Non-Stop da Martha Medeiros, pra mim uma das melhores cronistas da atualidade..
Daí parei e mentalmente percorri a minha casa e me vi sorrindo ao constatar que, de fato, muito me assemelho a ela. Com meus tiques estéticos, percebo que cada coisa tem seu canto e que os mimos recebidos pelos amigos ao longo da vida, são os objetos de decoração mais recorrentes, junto aos livros que se espalham pela casa e os quadros e as frases que percorrem as paredes.
Fotografias dos queridos, muitas caixinhas, velas, revistas, brinquedos; a mesa de Juan para os trabalhos com a massinha de modelar. Toda a casa fala muito de mim e dele também, já que sua decoração prevalece tanto quanto a minha, num jogo híbrido de identidades expostas, prontas para serem apreendidas pelos olhares mais atentos que eventualmente nos visitam.
Ah, que delícia perceber isso! Então me lembro de todos que já passaram por lá, sobretudo aqueles conhecidos desde a infância, que mal botam os pés pra dentro e já na primeira vista exaltam um “nossa, é a sua cara!”. E parece mesmo.
Tem aqueles cantinhos bagunçados, desorganizados à minha maneira; tem as garrafas de vinho vazias, que não consigo jogar fora; tem os quadros inacabados, reivindicando suas tintas; tem vasos retangulares de plantas, que servem para guardar as revistas; tem a árvore pintada na parede da sala, com seus galhos surreais florescendo cores; tem a lâmpada queimada do quartinho do fundo, esperando ser trocada e mais um milhão de pequenos detalhes, que num exercício contínuo de denotação, são a minha mais perfeita tradução.
Nossa casa, caverna acesa, é muito mais que um lugar onde a gente come, dorme ou vê televisão. Nela plantamos muito de nossa personalidade, mesmo sem se aperceber, mesmo sem querer ou de mansinho... Pode até parecer rima boba só pra terminar o texto bonitinho, mas nossa casa está muito além de ser apenas nosso ninho.
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